DOSE NITROGENADA EM COBERTURA PARA MILHO “SAFRINHA” IRRIGADO NO MUNICIPIO DE PADRE BERNARDO-GO, BRASIL

Introdução
  A medida que a agricultura torna-se mais competitiva o custo de produção nos seus vários níveis de tecnologia transforma-se num importante instrumento do processo de decisão da administração rural, embora existam dificuldades de estimá-los (MARTIM et al., 1994). 
  O nitrogênio (N) é essencial para o crescimento e desenvolvimento das espécies vegetais, pois, presente na composição das mais importantes biomoléculas, tais como ATP, NADH, NADPH, clorofila, proteínas e inúmeras enzimas (MIFLIN & LEA, 1976; HARPER, 1994; MARSCHNER, 1995; MALAVOLTA, 2006). 
  A baixa eficiência das adubações nitrogenadas está relacionada, segundo ao grau de recuperação desse elemento pelas plantas, alcançando em muitos casos menos que 50 %, devido à lixiviação, volatilização de amônia, desnitrificação, erosão e imobilização microbiana (BREDEMEIER & MUNDSTOCK, 2000; CHAVARRIA & MELLO, 2011). Associado a esses fatores, estão ainda, o elevado custo das adubações nitrogenadas (DÖBEREINER, 1990). No caso do milho, por exemplo, o N é o elemento nutricional de maior custo no sistema de produção da cultura do milho (CANTARELLA & MARCELINO, 2008). 
  A dose máxima econômica de fertilizantes pode ser entendida quando o valor do aumento em produção é igual ao custo do fertilizante, sendo que um acréscimo proporcional do fertilizante não será pago pelo acréscimo monetário na produção (RAIJ, 1991). 
  A orientação do técnico neste caso é a lei das proporções variáveis, também denominada lei dos rendimentos decrescentes ou lei dos acréscimos não proporcionais, que, pode ser assim enunciada: se a quantidade de um fator produtivo for aumentada por incrementos iguais, permanecendo fixas as quantidades de outros fatores, os acréscimos na produção correspondentes poderão crescer a princípio, mas decrescerão depois de certo ponto (ZAGATTO & PIMENTEL GOMES, 1960). 
  O objetivo deste trabalho foi estimar a dose de nitrogênio máxima econômica e a dose de nitrogênio de máxima produtividade de grãos de milho cultivado na "safrinhas" sob sistema de irrigação no município de Padre Bernardes-GO, Brasil.

Metodologia
  O experimento foi conduzido na Fazenda Santa Bernadete localizada no município de Padre Bernardes no Estado de Goiás, em área cultivada anteriormente com soja. O milho (Morgan 711) foi semeado na data 23/03/2020 no espaçamento de 0,50 cm entre linhas estabelecendo-se população final de 2,44 plantas por metro linear. Na semeadura foram adicionados 350 kg ha-1 do formulado 04-30-10.
  O delineamento experimental utilizado foi blocos casualizados com fornecimento de 0,0, 25,0, 50,0, 75,0 100,0 e 150,0 kg ha-1 de nitrogênio a lanço e em cobertura no estádio fenológico V6 para o milho com uso de ureia em quatro repetições, totalizando-se 24 parcelas experimentais. Cada parcela experimental foi constituída de cinco linhas de cultivo de milho contendo 5,0 m cada. A área útil da parcela experimental onde procederam-se a coleta das espigas foi constituída das três linhas centrais de cultivo de milho desconsiderando-se 1,0 m em cada uma das suas extremidades.

 
Figura 1. Área experimental e espigas de milho colhidas na área útil da parcela experimental. Padre Bernardes-GO, Brasil.

  A produtividade estimada em sacos de 60 kg ha-1 de grãos de milho ajustada à umidade de 13% (característica avaliada) permitiu a determinação da dose de nitrogênio de máxima produção (DNMP) e dose de nitrogênio máxima econômica (DNME) por meio de equação de regressão polinomial de 2ª ordem conforme descrito por Raij (1991). Para tal, foram considerados também os valores de comercialização de R$55,00 o saco de grãos de milho com 60 kg vendido em 01 de setembro de 2020, bem como o valor do kg do N na fonte nitrogenada utilizada de R$ 1,55.
A análise dos dados bem como a condução experimental deu-se pelo Grupo de Estudos Agrícolas (GEAGRI) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília - Campus Planaltina.

Resultados e Discussão
 Foi observado aumento da receita bruta e do lucro líquido com aumento das doses de nitrogênio (N) no cultivo do milho até determinado "ponto", e que o aumento do custo do fertilizante é linear. Isso significa um acréscimo proporcional do fertilizante não será pago pelo acréscimo monetário na produção (RAIJ, 1991), o que preza a lei dos acréscimos não proporcionais, aonde quantidade de um fator produtivo for aumentada por incrementos iguais, permanecendo fixas as quantidades de outros fatores, os acréscimos na produção correspondentes poderão crescer a princípio, mas decrescerão depois de certo ponto (ZAGATTO & PIMENTEL GOMES, 1960).

Figura 2. Lucro líquido e receita bruta com aumento das doses de N no cultivo do milho (a esquerda) e custo do fertilizante (a direita).

  A dose de nitrogênio de máxima produtividade (DNMP) obtida por meio da derivada da equação de regressão foi de 93,56 kg ha-1 de N, permitindo produtividade de 144,82 sacos (60 kg) de grãos de milho ha-1. A dose de nitrogênio máxima econômica (DNME) foi de 87,50 kg ha-1 de N, proporcionando produtividade de 144,63 sacos (60 kg) de grãos de milho ha-1. A diferença entre a DNMP e DNME foi de 0,19 sacos (60 kg) de grãos de milho ha-1 e 6,06 kg ha-1 de N respectivamente.

Figura 3. Equação de regressão linear polinomial de 2ª ordem obtida da produtividade de grãos de milho em função das doses crescentes de nitrogênio (N). Padre Bernardes – GO, Brasil.

Conclusão
  A dose de nitrogênio de máxima produtividade (DNMP) foi de 93,56 kg ha-1 de N, permitindo produtividade de 144,82 sacos (60 kg) de grãos de milho ha-1. A dose de nitrogênio máxima econômica (DNME) foi de 87,50 kg ha-1 de N proporcionando produtividade de 144,63 sacos (60 kg) de grãos de milho ha-1.

Fontes Bibliográficas
CANTARELLA, H.; MARCELINO, R. Fontes alternativas de nitrogênio para a cultura do milho. Informações Agronômicas, Piracicaba, n. 122, p. 12-14, 2008.
CHAVARRIA, G.; MELLO, N. de. Bactérias do gênero Azospirilium e sua relação com gramíneas. Revista Plantio Direto, n.125, p. 38 - 43, 2011.
DÖBEREINER, J. Avanços recentes na pesquisa em fixação biológica de nitrogênio no Brasil. Estudos Avançados, v.4, n.8, p. 144-152, 1990.
GOMES, F. P.; MALAVOLTA, E. Aspectos Matemáticos e Estatísticos da Lei de Mitscherlich. An. Escola Superio de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, v.6, p.193-229, 1949.
GOMES, F. P. Curso de estatística experimental. 13.ed. Piracicaba: Nobel, 1990. 468p.
MALAVOLTA, E. Manual de nutrição mineral de plantas. Piracicaba: Editora Ceres, 2006. 631p. 
MARSCHNER, H. Mineral nutrition of higher plants. London: Academic Press, 1995. 889p
MARTIN, N. B.; SERRA, R.; ANTUNES, J. F. G.; OLIVEIRA, M. D. M.; OKAWA, H. Custos: sistema de custo de produção agrícola. Informações Econômicas, 24: 97-122. 1994.
MIFLIN, B. J., LEA, P. J. The pathway of nitrogen assimilation in plants. Phytochemistry, v.15, p.873-885, 1976.
RAIJ, B. van. Fertilidade do solo e adubação. Piracicaba: Ceres, Potafós, 1991. 343p.
ZAGATO, A. G.; PIMENTEL GOMES, F. O problema técnico-econômico da adubação (*). Anais da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, v.17, p.149-163, 1960.

Por

Gustavo Dutra. Instituto Federal de Brasília – Campus Planaltina, Estudante do Técnico em Agropecuário. Planaltina, Distrito Federal, Brasil. gustavodutraagro@gmail.com. (061) 99878-9798. Rodovia DF 128, km 21 S/N, Planaltina, Distrito Federal, CEP 73330-032. 

Orizio da Gama Morais. Centro Universitário ICESP - ICESP Águas Claras, Estudante de Engenharia Agronômica. Águas Claras, Distrito Federal, Brasil. oriziogm@gmail.com (61) 99876-8809. QS 5, Rua 300, Lote 1, Águas Claras-DF.

Raphael Maia Aveiro Cessa. Instituto Federal de Brasília – Campus Planaltina, Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico – Área Agronomia. Planaltina, Distrito Federal, Brasil. raphael.cessa@ifb.edu.br. (061) 99378-8180. Rodovia DF 128, km 21 S/N, Planaltina, Distrito Federal, CEP 73330-032.









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