SIFÃO DE BELL EM AQUAPONIA
O sistema aquapônico
permite interdisciplinar componentes curriculares que abordam o cultivo de plantas
com física. Sobre este último componente aborda-se a lei de Stevin sobre a
pressão atmosférica e nos líquidos, utilizada em estudos de hidrostática com
vasos comunicantes (líquido que está em recipientes interligados, sendo cada um
deles de formas e capacidades diversas), observando as grandezas massa
específica (densidade), aceleração gravitacional local (g) e altura da coluna
de líquido (h).
O sistema aquapônico
ou a aquaponia é a “união” entre a criação de peixes (piscicultura) e o cultivos de plantas sem
o uso de solo, com as raízes submersas na água (hidroponia).
Esse sistema resolve um problema da piscicultura solucionando um problema da
hidroponia. O excremento produzido pelos peixes é rico em nutrientes que
alimentam as plantas que por sua vez filtram a água para o peixe.
Os dois sistemas citados anteriormente estão separados e interligados por bombeamento
de água contendo fezes de peixe para o sistema hidropônico, o qual devolve
a água ao tanque dos peixes.
Figura 1. Esquema de um sistema aquapônico
FONTE: http://www.anarquista.net/aquaponia-o-que-e-como-funciona-e-como-fazer/nar
legenda
Figura
2. Esquema do sistema de filtro biológico na própria cama de cultivo
FONTE: http://aquaponicsphilippines.com/aquaponics-diagram/
É importante na aquaponia que as raízes das plantas
passem por um período rápido de alagamento para absorção de nutrientes na cama
de cultivo, e outro período rápido de drenagem da cama de cultivo, permitindo a
respiração das mesmas. Essa ação pode ser implantada por um sifão de Bell.
Sifões são capazes de
transportar líquidos de cotas maiores para cotas menores, passando por um ponto
mais alto. Começa a funcionar quando a gravidade puxa a coluna de água
do lado de fora para baixo, criando uma diferença de pressão que direciona o
fluxo para dentro do cano, dando continuidade ao ciclo até que todo o fluído no
interior do recipiente mais elevado seja transferido. A diferença de pressão entre
os pontos considerados na mangueira é igual ao produto da massa específica da
água, da aceleração da gravidade e do desnível das superfícies da água nos dois
recipientes.
Figura
3. Esquema de funcionamento dos sifões
FONTE: Adaptado de
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=7657
Assim, tem-se P1 e P2 são as pressões absolutas
(pressão hidrostática + pressão atmosférica) dentro da mangueira ao nível da
água do recipiente sobre a mesa e dentro da mangueira ao nível da água no recipiente
no piso respectivamente. São determinadas pelas equações P1 = Patm+dgh, em que:
Patm = pressão atmosférica, d = massa especifica da água, g = aceleração da
gravidade e h = altura da coluna de água acima do nível do recipiente e P2 = Patm+dgH,
em que: Patm = pressão atmosférica, d = massa especifica da água, g =
aceleração da gravidade e H = altura da col una de água dentro
da mangueira em relação a o recipiente no piso. Portanto, fisicamente explicando, na
aquaponia, crias-se uma diferença de pressão entre a hidroponia e a pisicultura.
Frente ao postulado, na cama de cultivo de plantas o
nível da água sobe até a “boca” do cano localizado no interior do sifão, alagando
a região das raízes com água contendo nutrientes. Quando sai por esse cano
cria-se uma diferença de pressão com o exterior que puxa a água ao seu
exterior, ou seja, da cama de cultivo até esvaziá-la permitindo que as raízes
respirem.
Figura
4. Esquematização da saturação e drenagem da cama de cultivo em um sistema de
aquaponia
FONTE: Adaptado de
http://www.fazfacil.com.br/jardim/aquaponia-alimentacao-sustentavel/
Abaixo algumas imagens obtidas no teste de um sifão
de Bell durante sua montagem.
Figura
5. Imagens obtidas no teste de um sifão de Bell durante sua montagem
FONTE: Autoria
própria
Fornecendo-se alguns valores é, portanto, possível
estabelecer a diferença de pressão absoluta (P) entre o ponto de escoamento da
água do sitema hidropônico até a descarga do sistema de piscicultura. De acordo as alturas H e h da figura 6 e os valores da aceleração da
gravidade (g = 10 m s-2) e da massa específica do líquido (d = 1.000,0
kg m-3), tem-se:
Figura
6. Sistema aquapônico
FONTE: Autoria
própria
- P sist. hidrop. = 101.991,32Pa+1.000,00kg m-3*10m s-2*0,00m=101.991,32 Pa;
- P descarga = 101.991,32Pa+1.000,00kg m-3*10m s-2*0,30m=104.991,32 Pa;
- Dif. Pres. absoluta = 104.991,32Pa-101.991,32Pa=3.000Pa ou 0,03atm.
O “h” para cálculo de P no sistema hidropônico é 0 (Figura
6) pelo fato do não uso de mangueiras perpassando por um nível acima do nível
da água no sistema hidropônico. Ainda, importante lembrara, que o experimento
foi montado em Brasília-DF, localizada em uma altitude média de 1.000 m, correspondente a pressão
atmosférica de 675 mmHg, 101.991,32 Pa ou 1,01 atm.
Seria interessante saber o periodo ideal de descarga.
ResponderExcluirA calibragem do "desarme" do sistema é em função de conseguir desarmar, não sendo feita pelo tempo (calibrado). O desarme é constante e, portanto, não prejudica a aeração para os peixes.
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