DETERMINAÇÃO QUALITATIVA DA LOCALIZAÇÃO DE CAMADAS DE IMPEDIMENTO FÍSICO AO DESENVOLVIMENTO DE RAÍZES

  Um trabalho técnico comparativo referente à determinação qualitativa da localização de camadas consideradas como possível impedimento físico ao desenvolvimento de raízes foi realizado entre 10 e 11 de setembro de 2024 pelo Grupo de Estudos Agrícolas (GEAGRI) do Instituto Federal de Educação e Tecnologia de Brasília – Campus Planaltina (coordenador professor Raphael Maia Aveiro Cessa), Centro de Formação Tecnológica do referido campus (Coordenador Dirceu Macagnam) e pela empresa SACI Soluções representada pelo supervisor de serviços Willian Cesar Briano Ferreira.
  O trabalho comparou índices SACI (dados trabalhados em planilha eletrônica) e de resistência (dados trabalhados na plataforma SACI) relacionados à resistência do solo a penetração para avaliar qualitativamente a(s) presença(s) de camada(s) atuantes como possíveis barreiras físicas ao desenvolvimento de raízes na profundidade de 0 a 40 cm a partir da superfície do solo.
  Índices SACI e de resistência são gerados pela broca coletora de amostras de solo acoplada ao quadriciclo (Figura 1).
Figura 1. Equipamento SACI: quadriciclo equipado com broca coletora de amostras de solo capaz de gerar valores (índice SACI) relacionados à resistência do solo a penetração.

  As configurações de perfuração a partir da superfície do solo para coleta dos valores dos índices SACI foram: perfuração de 0 a 20 cm, pausa, e perfuração de 20 a 40 cm (configuração denominada P2+P3; perfuração direta de 0 a 40 cm.
A motivação do referido trabalho vem de encontro à pratica de trabalho em campo com o equipamento da figura 1 no momento em que se realiza a coleta de amostras de solo sistematizada. Na referida coleta, que em geral é estratificada (configuração P2+P3) a broca acaba gerando os índices SACI, o que viabiliza uma análise quantitativa de possíveis camadas que possam causar impedimento físico ao desenvolvimento de raízes.
  No entanto, e preconizando o descrito no parágrafo anterior, é possível a ocorrência de interferência nos valores do índice SACI e, consequentemente, no comportamento da descrição qualitativa de compactação do solo em profundidade com a pausa da perfuração, ou seja, na configuração P2+P3. Havendo tal interferência, o problema se agravaria caso a camada de impedimento físico estives próximo aos limites de profundidade que separam os estratos P2 e P3.
  A obtenção dos dados deu-se em um gride amostral georreferenciado contido no talhão do pivô central do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – Campus Planaltina (Figura 2).

Figura 2. Gride amostral georreferenciado contido no talhão do pivô central do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – Campus Planaltina.

  Os valores dos índices SACI de perfuração da broca para as configurações P2+P3 e P1 podem ser observados na figura 3.

Figura 3. Índices SACI para as configurações P2+P3 e P1 gerados pela broca perfurante de coleta de amostras de solo no talhão do pivô central do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – Campus Planaltina.
  
  Nota-se na figura 3 que os dados gerados pela perfuração direta (configuração P1) são maiores do que aqueles gerados pela configuração P2+P3, mas que ambas configurações determinaram uma possível camada de impedimento físico ao desenvolvimento das raízes entre 04 cm a 12 cm, e uma progressão a partir de 20 cm de profundidade em direção a valores associados à maior resistência do solo até 40 cm.
  Observando a figura 3 nota-se para configuração P2+P3, que em 20 cm (profundidade final de perfuração em “P2”) há uma repetição do índice SACI se comparado aquele observado no início do estrato de perfuração da configuração “P3”, ou seja, a partir da profundidade de 20 cm. Este fato poderá, visualmente, considerando uma análise qualitativa da compactação de solo, ocasionar dúvidas na identificação de camadas de impedimento físico para o desenvolvimento de raízes, sugerindo-se, nestes casos, a confecção de um gráfico para 0 a 20 cm de profundidade e outro para 20 cm a 40 cm de profundidade, o que facilmente pode ser feito por meio do tratamento e separação dos dados planilhados após extração dos mesmos do computador de bordo do equipamento. Acrescenta-se, que a confusão poderá ainda ser maior caso haja uma camada compacta localizada entre os estratos de trabalho das configurações P2 e P3, local onde se constatou influência no comportamento da linha gráfica em função da pausa e retomada da perfuração.
  O comportamento dos valores dos índices SACI oriundos de uma perfuração “P1”, ou seja, direta de 0 a 40 cm de profundidade são mais condizentes, pois as alterações no comportamento da linha gráfica dão-se pela presença de uma possível camada compacta na subsuperfície do solo, e não por uma questão técnica de configuração e uso do equipamento.
  Conclui-se que o índice SACI e a resistência gerados a partir de dados da perfuração da broca identificaram as mesmas profundidades de ocorrência de impedimento físico no solo. No entanto, a perfuração em dois estágios pode gerar alguma confusão visual gráfica, sendo mais adequando a perfuração direta, no caso P1 0 cm a 40 cm.

Por

Raphael Maia Aveiro Cessa
Eng. Agrônomo Dr. E professor EBTT do IFB – Campus Planaltina

Dirceu Macagnan
Eng. Agrônomo Dr. e professor EBTT do IFB – Campus Planaltina

Willian Cesar Briano Ferreira
Supervisor de serviços

Leandro Martin
Supervisor de produtos

Ronaldo de Oliveira Martins
Diretor

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