CORREDORES AGROECOLÓGICOS NO SUDESTE GOIANO

 Nos dias 27 e 28 de fevereiro, pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) unidade Cerrados em parceria com a Associação Camponesa Nacional, o Movimento Camponês Popular (MCP) e a Central de Associações de Minis e Pequenos Produtores Rurais do Município de Catalão promoveram a segunda edição do circuito de visitas técnicas em propriedades rurais da região Sudeste de Goiás – as Rotas Agroecológicas - demonstrando corredores agroecológicos como estratégias para a produção de alimentos e sementes voltadas ao manejo da agrobiodiversidade e sustentabilidade de pequenas propriedades familiares.


 Os eventos constituíram-se da visita técnica ao corredor agroecológico, à produção de sementes agroecológicas e melhoramento participativo de milho e feijão, além das estratégias do MCP na fazenda Corinalves, Comunidade Olhos d’Água no distrito de Santo Antônio do Rio Verde, em Catalão-GO, e da visita técnica ao corredor agroecológico implantado na propriedade da família Carvalho Lima, na comunidade Barrinha em Silvânia-GO.

 Na data 27/02/2018 os professores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília - campus Planaltina, e atuantes no curso de Tecnologia em Agroecologia Raphael Maia Aveiro Cessa, Hamilton Marcos Guedes, Vicente de Paulo Borges Virgolino da Silva e Dalva Trivellato participaram do evento.
 No evento do dia 27 foi explanado inicialmente pelos pesquisadores da EMBRAPA Cerrados Altair Toledo Machado e Cynthia de Toledo Torres Machado, os fundamentos sobre o melhoramento participativo do milho crioulo Sol Nascente por agricultores integrantes do MCP. O referido melhoramento consiste na inclusão sistemática das habilidades e práticas já experimentadas pelos agricultores no processo de melhoramento genético vegetal, não sendo apenas uma relação de consultoria entre pesquisadores e agricultores mas, sobretudo um a troca de experiências para que, as decisões ali tomadas prosperem nas comunidades agricultoras interessadas.


 As execuções, práticas e técnicas de seleção genética do milho Sol Nascente ocorrente nos assentamentos e comunidades cultivadoras foram explicadas pelos próprios agricultores integrantes do MCP, sendo alguns deles intitulados “guardiões de sementes”. Eles explicam com propriedade e liderança, que o processo de melhoramento genético é importante que aconteça nos sistemas agroecológicos consorciados, uma vez que o uso de sementes melhoradas em sistemas agrícolas não “vingariam” nas condições e tipos de manejo os quais os “pequenos” fazem uso. 
 Ao serem melhoradas nos sistemas agroecológicos explica um dos agricultores com sua empolgante explanação, as plantas que “resistem” tornam-se mais tolerante ao ataque de pragas e doenças e, por esse processo ser contínuo consequentemente, as plantas tornam-se adaptadas principalmente ao estresse hídrico.
 E não bastasse todo esse conhecimento já incorporado por esses agricultores do MCP, existindo a possibilidade climática de mais de um cultivo rotacional das espécies vegetais em Catalão-GO, o melhoramento participativo do milho Sol Nascente expandiu; faz-se hoje o seu melhoramento para as “águas” e as “secas”, com a introdução e melhoramento participativo também do feijoeiro. Assim, cultiva-se o Sol Nascente e o feijoeiro nas águas. Na seca, os locais de cultivo dessas espécies são invertidos, promovendo a rotação e, o mais importante, permitindo a aplicação das seleções de plantas dos processo de melhoramento genético.

 Sob aspecto social o melhoramento vegetal genético e participativo é importante à conservação da biodiversidade brasileira, e contribui à segurança alimentar, uma vez que grande parte das sementes produzidas no país tem sequenciamento genético patenteado por grandes grupos e corporações internacionais repercutindo nas regras e preços de comercialização, fato esse que restringe o acesso a esses materiais genéticos. Além disso, muitos dessas sementes “restritas” possuem geralmente empilhamento de genes provenientes de outras espécies e que visam controlar pragas e doenças por meio de transgenia, o que impede seu uso em sistemas agroecológicos.

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